O turismo global cresce a cada ano, e alguns dos destinos mais visitados do mundo enfrentam desafios relacionados ao overtourism (turismo excessivo). Para mitigar os impactos da superlotação e preservar seus patrimônios, diversas cidades e países estão implementando taxas para turistas. Mas será que essas tarifas realmente reduzem o fluxo de visitantes? E para onde vai o dinheiro arrecadado?

O que é a Taxa do Turista e Por Que Está se Tornando Cada Vez Mais Comum?

A taxa do turista é um valor cobrado de viajantes que visitam determinados destinos. O objetivo pode variar, indo desde a conservação de pontos turísticos até a melhoria da infraestrutura urbana e compensação dos impactos ambientais.

Em cidades como Barcelona, Veneza, Berlim e Amsterdã, e países como o Butão e o Japão, essas taxas estão cada vez mais comuns. Enquanto algumas são cobradas diretamente na hospedagem, outras exigem pagamento antecipado ou na entrada do destino.

Quais Destinos Cobram Taxas de Turismo na Europa e na Ásia?

1. Butão – Taxa de US$ 100 por Dia

O Butão, país asiático no Himalaia, possui a maior taxa turística do mundo, chamada de Taxa de Desenvolvimento Sustentável. Turistas devem pagar US$ 100 por dia, valor que inclui guia, hospedagem e transporte. O dinheiro arrecadado é destinado à preservação ambiental, saúde e educação dos moradores.

Mesmo sendo um valor elevado, o país arrecadou US$ 26 milhões em 2023, evidenciando que, para alguns viajantes, a exclusividade justifica o custo.

2. Veneza – Taxa de Entrada para Turistas

Desde abril de 2024, Veneza começou a cobrar uma taxa de 5 euros para visitantes que passam apenas um dia na cidade. A medida busca controlar o fluxo turístico e minimizar os impactos da superlotação.

Inicialmente aplicada em 29 dias do ano, a cobrança foi ampliada para 54 dias, e quem não pagar com antecedência pode ter que desembolsar até 10 euros.

3. Barcelona – Até 7,50 Euros por Dia

Na capital da Catalunha, os turistas pagam uma taxa de até 7,50 euros por noite de hospedagem, variando de acordo com a categoria do hotel. A cidade arrecada cerca de 100 milhões de euros por ano, utilizando os recursos para financiar projetos ambientais e urbanos.

No entanto, a cidade enfrenta protestos contra o turismo em massa, especialmente devido ao aumento dos preços de aluguéis e ao impacto da superlotação em bairros tradicionais.

4. Maiorca (Espanha) – Até 6 Euros por Noite

A ilha de Maiorca, um dos destinos mais procurados do verão europeu, implementou uma taxa turística de até 4 euros por dia em 2016. Agora, o governo das Ilhas Baleares considera elevar o valor para 6 euros na alta temporada.

Mesmo com a cobrança, o turismo segue em alta, registrando recordes de visitantes a cada ano.

5. Berlim – Taxa de 7,5% Sobre a Hospedagem

Em Berlim, turistas pagam uma taxa de 7,5% sobre o valor da hospedagem. A receita arrecadada, que chegou a 90 milhões de euros em 2024, é direcionada ao orçamento geral da cidade, sem um destino específico.

6. Amsterdã – 12,5% sobre Hotéis

Desde 1973, Amsterdã cobra uma taxa turística. Em 2025, o valor subirá para 12,5% sobre o preço das diárias, com expectativa de arrecadar 260 milhões de euros.

A cidade usa o dinheiro tanto para infraestrutura quanto para medidas de controle do turismo, buscando tornar o fluxo mais sustentável.

As Taxas Realmente Reduzem o Turismo Excessivo?

Especialistas afirmam que, na maioria dos casos, as taxas não afastam turistas, mas geram receita para minimizar os impactos do turismo. O professor Jaume Rosselló, da Universidade das Ilhas Baleares, destaca que a influência no fluxo de visitantes é mínima.

Por outro lado, casos como o Butão mostram que aumentos significativos nas tarifas podem, sim, impactar o número de turistas. O país asiático experimentou uma queda no turismo após elevar a taxa diária de US$ 65 para US$ 200.

Para Onde Vai o Dinheiro das Taxas Turísticas?

O destino da arrecadação varia conforme a cidade ou país:

• Preservação ambiental: No Butão, o dinheiro ajuda na conservação das paisagens naturais.
• Melhoria de infraestrutura: Em Barcelona, parte da receita é usada para modernizar escolas e áreas públicas.
• Orçamento geral das cidades: Em Berlim e Amsterdã, os valores vão para os cofres públicos, sem uma destinação específica.
• Sustentabilidade no turismo: Em Maiorca, os fundos financiam projetos ecológicos.

A transparência na aplicação dos recursos é um ponto crítico. Em locais onde os fundos são usados para beneficiar a população e manter os destinos preservados, a aceitação das taxas é maior.

O Que Isso Significa Para os Viajantes?

Para os turistas, é essencial estar atento às taxas antes de viajar. Alguns destinos exigem pagamento antecipado, enquanto outros cobram no check-in da hospedagem. Além disso:

• Considere o impacto: Viajar para destinos que investem em turismo sustentável pode tornar a experiência mais enriquecedora.
• Planeje os custos: Inclua as taxas no orçamento da viagem para evitar surpresas.
• Respeite as regras locais: Algumas cidades estão implementando restrições para reduzir o fluxo de turistas em determinadas épocas do ano.

Conclusão: As Taxas de Turismo Vieram Para Ficar?

Com o crescimento do turismo global e os desafios do turismo excessivo, a tendência é que mais destinos implementem taxas turísticas nos próximos anos. Enquanto algumas cidades utilizam os recursos de forma estratégica, outras ainda enfrentam desafios na aplicação dos fundos.

Seja para proteger o meio ambiente, melhorar a infraestrutura ou controlar a superlotação, as taxas turísticas estão se tornando uma realidade para os viajantes – e seu impacto continuará sendo debatido.

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